O objetivo da ação, realizada em
parceria com a ABRATA (Associação Brasileiro de Estudos e Prevenção ao
Suicídio) é impactar médicos psiquiatras, psicólogos, pacientes, familiares e
cuidadores para aumentar a conscientização sobre a necessidade de prevenção ao
suicídio.
Ao longo do mês, às
terças-feiras, serão promovidos quatro webinars com especialistas. O primeiro
deles, realizado no primeiro dia do mês, contou com a Dra. Sonia Palma, que
discorreu sobre uma visão geral do suicídio em adolescentes e adultos. No dia
8, o Dr. Kalil Dualibi abordou o suicídio entre médicos e estudantes de
medicina. No webinar seguinte, no dia 15 de setembro, a Dra. Karen Scavacini
fará um webinar focado na prevenção ao suicídio e a abordagem necessária dos
sobreviventes, como parentes, amigos e profissionais de saúde. E, finalmente,
para fechar a série, dia 22/09 será a vez do Dr. Teng Tung falar sobre a
importância do tratamento psicofarmacológico no paciente em risco de suicídio.
Ontem foi o Dia Mundial do
Combate ao Suicídio e um dos destaques da ação foi a projeção de imagens na
parede de um edifício na Rua Augusta, 541. O local foi escolhido por ter grande
visibilidade para pedestres, veículos e moradores da região da Avenida Paulista
e do bairro Bela Vista. Foram projetadas frases motivacionais, que se
alternarão com o símbolo do Setembro Amarelo e a #todosjuntospelavida.
Com foco nos profissionais de
saúde, o Cristália também preparou vinte podcasts sobre prevenção ao suicídio,
com a Dra. Alexandrina Meleiro, que serão enviados diariamente, ao longo do
mês, a cerca de 20 mil médicos e colocados no portal voltado para saúde
mental www.portalpositivamente.com.br que estreou em 1º de setembro, informações sobre
prevenção.
Entrevista
A GAZETA conseguiu uma entrevista
exclusiva com a médica psiquiatra Dra. Alexandrina Meleiro, referência em todo
o país em sua área de atuação.
Questionada sobre os riscos de
uma pessoa pensar em tirar sua própria vida da médica destacou:
"as pessoas não têm ideia de que é um risco. O suicídio é um grande
problema de saúde pública. Por isso a importância de todos terem conhecimento
sobre esse assunto. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 93% das
pessoas que cometeram suicídio tinham algum transtorno mental, como depressão,
ansiedade, esquizofrenia, transtorno de personalidade, alcoolismo ou abuso de
substâncias. Das pessoas que tentam cometer suicídio, 56% morrem na primeira
tentativa e 40% dos que tentaram tornar a repetir ao longo da vida, sendo 25%
dentro de um ano. O suicídio acomete os homens três vezes mais do que as
mulheres, mas entre o número de tentativas a proporção é inversa: três vezes mais
mulheres do que homens".
Indagada sobre quais são os
principais grupos de risco, Dra. Alexandrina detalhou: "As pessoas
costumam dar algum sinal. Os adolescentes, por exemplo, tendem a ficar mais
reclusos. Há estudos que indicam que o adolescente que fica mais de seis horas
na internet ou redes sociais, com exceção do tempo dedicado aos estudos ou ao
trabalho, tende a ter um quadro depressivo. Outro sinal é a mudança na
vestimenta, passam a usar camisas de manda comprida para esconder que estão se
mutilando. O grupo LGBTQI+, população negra e povos indígenas também são grupos
de risco. Os idosos são outro grupo de risco. Geralmente os idosos são
desprezados, abandonados. Com essa pandemia, isso se agravou mais ainda. Em
casais, se um dos pares morre, o outro fica sem sentido na vida e começa a ter
ideações suicidas. Adolescentes e idosos, os dois extremos da população, que
deveriam estar mais felizes, o primeiro por estar cheio de sonhos e o segundo
por ter realizado esses sonhos, são justamente os grupos de risco".
Para a psiquiatra, a pandemia de
coronavírus contribuiu para o aumento no número de suicídios: "o
isolamento é um fator agravante, porque os idosos foram abandonados. O
isolamento precisa ser físico, não social. Hoje se tem rede social, por exemplo,
para facilitar o contato com familiares idosos. Fazer chamada de vídeo,
importante ter esse contato. Tem o fator econômico, muita gente teve perda
econômica, ficou sem emprego, teve o salário reduzido, as pessoas estão
inseguras se vão continuar empregadas. E o aumento de divórcios, que é
resultado de conflitos. Também é um fator de risco para transtornos mentais,
que podem resultar no suicídio. Estamos presenciando, desde o início da
pandemia, a chamada "quarta onda", que é o aumento de transtornos mentais.
Ansiedade, insegurança, depressão devido à perda de familiares ou amigos,
alcoolismo, medo de morrer. Essa curva está ascendente desde março".
Para a psiquiatra, o Poder
Público teria que investir mais em saúde mental: "em qualquer área da
Saúde, o investimento do Estado é bastante precário e isso não é uma
exclusividade do Brasil. No entanto, na área de Saúde Mental, é mais precário
ainda. O governo tem feito movimentos e esforços nesse sentido, mas ainda não é
o ideal, principalmente nesse contexto de pandemia", finalizou.
O objetivo da ação, realizada em
parceria com a ABRATA (Associação Brasileiro de Estudos e Prevenção ao
Suicídio) é impactar médicos psiquiatras, psicólogos, pacientes, familiares e
cuidadores para aumentar a conscientização sobre a necessidade de prevenção ao
suicídio.
Ao longo do mês, às
terças-feiras, serão promovidos quatro webinars com especialistas. O primeiro
deles, realizado no primeiro dia do mês, contou com a Dra. Sonia Palma, que
discorreu sobre uma visão geral do suicídio em adolescentes e adultos. No dia
8, o Dr. Kalil Dualibi abordou o suicídio entre médicos e estudantes de
medicina. No webinar seguinte, no dia 15 de setembro, a Dra. Karen Scavacini
fará um webinar focado na prevenção ao suicídio e a abordagem necessária dos
sobreviventes, como parentes, amigos e profissionais de saúde. E, finalmente,
para fechar a série, dia 22/09 será a vez do Dr. Teng Tung falar sobre a
importância do tratamento psicofarmacológico no paciente em risco de suicídio.
Ontem foi o Dia Mundial do
Combate ao Suicídio e um dos destaques da ação foi a projeção de imagens na
parede de um edifício na Rua Augusta, 541. O local foi escolhido por ter grande
visibilidade para pedestres, veículos e moradores da região da Avenida Paulista
e do bairro Bela Vista. Foram projetadas frases motivacionais, que se
alternarão com o símbolo do Setembro Amarelo e a #todosjuntospelavida.
Com foco nos profissionais de
saúde, o Cristália também preparou vinte podcasts sobre prevenção ao suicídio,
com a Dra. Alexandrina Meleiro, que serão enviados diariamente, ao longo do
mês, a cerca de 20 mil médicos e colocados no portal voltado para saúde
mental www.portalpositivamente.com.br que estreou em 1º de setembro, informações sobre
prevenção.
Entrevista
A GAZETA conseguiu uma entrevista
exclusiva com a médica psiquiatra Dra. Alexandrina Meleiro, referência em todo
o país em sua área de atuação.
Questionada sobre os riscos de
uma pessoa pensar em tirar sua própria vida da médica destacou:
"as pessoas não têm ideia de que é um risco. O suicídio é um grande
problema de saúde pública. Por isso a importância de todos terem conhecimento
sobre esse assunto. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 93% das
pessoas que cometeram suicídio tinham algum transtorno mental, como depressão,
ansiedade, esquizofrenia, transtorno de personalidade, alcoolismo ou abuso de
substâncias. Das pessoas que tentam cometer suicídio, 56% morrem na primeira
tentativa e 40% dos que tentaram tornar a repetir ao longo da vida, sendo 25%
dentro de um ano. O suicídio acomete os homens três vezes mais do que as
mulheres, mas entre o número de tentativas a proporção é inversa: três vezes mais
mulheres do que homens".
Indagada sobre quais são os
principais grupos de risco, Dra. Alexandrina detalhou: "As pessoas
costumam dar algum sinal. Os adolescentes, por exemplo, tendem a ficar mais
reclusos. Há estudos que indicam que o adolescente que fica mais de seis horas
na internet ou redes sociais, com exceção do tempo dedicado aos estudos ou ao
trabalho, tende a ter um quadro depressivo. Outro sinal é a mudança na
vestimenta, passam a usar camisas de manda comprida para esconder que estão se
mutilando. O grupo LGBTQI+, população negra e povos indígenas também são grupos
de risco. Os idosos são outro grupo de risco. Geralmente os idosos são
desprezados, abandonados. Com essa pandemia, isso se agravou mais ainda. Em
casais, se um dos pares morre, o outro fica sem sentido na vida e começa a ter
ideações suicidas. Adolescentes e idosos, os dois extremos da população, que
deveriam estar mais felizes, o primeiro por estar cheio de sonhos e o segundo
por ter realizado esses sonhos, são justamente os grupos de risco".
Para a psiquiatra, a pandemia de
coronavírus contribuiu para o aumento no número de suicídios: "o
isolamento é um fator agravante, porque os idosos foram abandonados. O
isolamento precisa ser físico, não social. Hoje se tem rede social, por exemplo,
para facilitar o contato com familiares idosos. Fazer chamada de vídeo,
importante ter esse contato. Tem o fator econômico, muita gente teve perda
econômica, ficou sem emprego, teve o salário reduzido, as pessoas estão
inseguras se vão continuar empregadas. E o aumento de divórcios, que é
resultado de conflitos. Também é um fator de risco para transtornos mentais,
que podem resultar no suicídio. Estamos presenciando, desde o início da
pandemia, a chamada "quarta onda", que é o aumento de transtornos mentais.
Ansiedade, insegurança, depressão devido à perda de familiares ou amigos,
alcoolismo, medo de morrer. Essa curva está ascendente desde março".
Para a psiquiatra, o Poder
Público teria que investir mais em saúde mental: "em qualquer área da
Saúde, o investimento do Estado é bastante precário e isso não é uma
exclusividade do Brasil. No entanto, na área de Saúde Mental, é mais precário
ainda. O governo tem feito movimentos e esforços nesse sentido, mas ainda não é
o ideal, principalmente nesse contexto de pandemia", finalizou.